Elaborado pelo IM Escotista Carlos Neto, em 28/03/2025.
O Escotismo no Pará tem seu início, com o movimento de expansão nacional do escotismo através do Cruzador José Bonifácio da Marinha do Brasil, cujo a missão, tinha desde o início a intenção de fundar grupos escoteiros junto às colônias de pescadores criadas no litoral brasileiro, em 1919 coube a iniciativa do 1º Tenente Benjamim Sodré da Marinha do Brasil, filho do Governador do Estado do Pará Lauro Sodré, a organização da “Companhia de Escoteiros do Paysandu Sport Club” com o patrocínio do Paysandu, sendo fundada no dia 30 de novembro daquele ano, e com uma relevante publicação no Jornal Estado do Pará.
O Jornal O Estado do Pará no dia 01 de dezembro de 1919, com apresenta com detalhes esse domingo épico, que trata da FUNDAÇÃO da Companhia de Escoteiros do Paysandu S. Club:
Foi coroada do melhor successo a louvável iniciativa do Paysandu, cuidando da organização de sua Companhia de Escoteiros, honten fundada.
As 10 horas, pontualmente, deante de um bom número de pessoas grades e elevado numero de meninos e rapazes, o 1 Tenente Benjamin Sodré, auxiliado pelos srs. Leonidas Sodré de Castro, Renato Amanajás, Armando Benfica e Hermilo Salgado, deu inicio aos trabalhos, lendo e commentando o regulamento dos Escoteiros. Terminou por uma minuciosa exposição sobre o “Juramento e Código do Escoteiro”, o que foi feito em palavras simples, ao alcance dos jovens presentes e acompanhadas de frisantes exemplos materiais.
Metidos os escoteiros em fórma foram feitas, em completa ordem, as inscripções que attingiram a um total de 57. No final foi distribuído a cada um dos escoteiros um exemplar do Juramento e Código.
Passando-se algumas semanas de organização e preparação, no dia 21 de dezembro de 1919, foi realizado a cerimônia bastante tocante, a do JURAMENTO da primeira companhia Escoteiros do Paysandu, onde 96 menores, os jovens escoteiros em coluna de patrulhas, “Prometem, pela sua honra, proceder, em qualquer circunstância, como homem consciente de seus deveres, ser leal e generoso, amar a pátria e servi-la fielmente na paz e na guerra.”
Estavam presentes uma companhia de marujos do Cruzador José Bonifácio, a qual entrou no campo cantando a marcha Brasil, puxada por uma banda da brigada estadual, ao lado direito, formou um pelotão da escola do Tiro n. 14, comandada pelo sargento instrutor, pertencente ao 47° de caçadores, a companhia do José Bonifácio formou sob o comando do temente Paulo Boris.
Uma vez distendida em linha a companhia de escoteiros, o seu instrutor mandou um escoteiro pedir licença ao sr. Governador Lauro Sodré, para realizar o juramento, ordenando depois a “formatura, em círculo para juramento”. Antes de ter começo a cerimônia o tenente Sodré fez uma alocução sobre o ato, terminado o juramento, o tenente Sodré pronunciou a divisa “Sempre prontos, para o bem e para a verdade” sendo repetida por todos os escoteiros.
“Prometto, pela minha honra, proceder em todas as circumstancias como homem consciente dos seus deveres, leal e generoso; amar a minha Patria e servila fielmente, na paz e na guerra; obedecer ao Código do Escoteiro.”
Texto do CODIGO DO ESCOTEIRO em 1919.
1º A palavra de um escoteiro é sagrada. Elle colloca a honra acima de tudo, mesmo da propria vida.
2º 0 escoteiro sabe obedecer. Comprehende que a disciplina é uma necessidade de interesse geral.
3º 0 escoteiro é um homem de iniciativa.
4º 0 escoteiro acceita, em todas as circumstancias, a responsabilidade dos seus actos.
5º 0 escoteiro é leal e cortez para com todos.
6º O escoteiro considera todos os outros escoteiros como seus irmãos, sem distincção de classes sociaes.
7º 0 escoteiro é generoso e valeute, sempre prompto a auxiliar os fracos, mesmo com perigo da propria vida.
8º 0 escoteiro pratica cada dia uma boa acção, por mais modesta que seja.
9º O escoteiro estima os animaes e se oppõe a toda crueldade contra elles.
10º 0 escoteiro é sempre jovial e enthusiasta e procura o bom lado de todas as cousas.
11º O escoteiro é economico e respeitador do bem alheio.
12°-O escoteiro tem a constante preoccupação de sua dignidade e o respeito de si mesmo.
O texto é inspirado no Juramento e no Código do Escoteiro, tal como adotado pela Associação Brasileira de Escoteiros – ABE.
Tais fatos corroboram para consideração da gênese do escotismo paraense o ano de 1919, evidenciados pelo grandioso momento com comoção social, dado as diversas publicações em jornais da época apresentavam em colunas semanais e tratavam sobre o escotismo.
Ainda em 1919 ficava claro o anseio na criação do Associação Paraense dos Escoteiros, fato que se consolidou, posteriormente, a “missão” estendeu-se, sendo formados e fundados nas colônias de pescadores de Belém, Abaetetuba, Vigia, Soure, Salvaterra e Santarém, novos grupos nos anos subsequentes.